quarta-feira, 7 de março de 2018

PORTO


Vilas-Boas
PORTO 

Na noite fria da cidade
acostada a este inverno escuro
procura-se a identidade
por aí, por entre os botecos,
perdida.
O céu escorre nas telhas cinza,
algumas estrelas espetadas
nas clarabóias coloridas.
Anseia-se, em vão, um pregão
com frutos empilhados,
cestos presos por mãos ossudas.
Secreta, sinuosa, é a cidade
onde sempre se quiz liberdade.
Correm vozes brejeiras,
são poucos os que restam,
teimando que passe
a vassoura do despejo.
Já não caem folhas,
os jardins pátios de cimento armado,
preservam-se, por ora, nas fachadas,
azulejos multicores,
portas com batentes de bronze gasto,
escadas ingremes em direcção a bairros
com medo de dar na vista
e serem derrubados pela vã cobiça.

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