terça-feira, 20 de fevereiro de 2018

UMA TARDE ENCANTADA

Silvana Violante

UMA TARDE ENCANTADA

Elisa
à porta do teatro de S. João
questiona
por onde começar.
Rodar em cima dos tacões
no átrio
observando os cartazes
anunciando novas fitas,
comer o chocolate de avelãs,
pavonear-se por entre os cinéfilos.
Até as luzes se apagaram
era gastar tempo.
Que chatice a publicidade
antes do ecrã se encher
com a vibrante história
de filme de sucesso.
Jovens amantes lindos,
tudo para serem felizes,
mas a vida, oh a vida
com golpes baixos
destrói as ilusões
e mata a mocinha.
Interrompida a sôfrega vida,
abre-se a carteira à socapa,
limpam-se as lágrimas,
soluça-se de boca cerrada.
Foi curta a existência
para tão grande amor.
Lavou, a fita, porém, a alma,
a emoção ao rubro,
sentada no banco zonzo
do trólei,
a caminho de Gaia,
a Elisa trinca o último pedaço
do chocolate de avelãs,
conforta-se o corpo,
a noite está triste.

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