quarta-feira, 28 de fevereiro de 2018

GAIVOTAS NA CIDADE


Avelino Rocha
GAIVOTAS  NA CIDADE

A gaivota está à porta
pendurada no seu pio fino
de ave líquida e salgada.
Traz nas penas sedosas,
brancas, aguadas,
o perfil feudal da cidade.
Na cinza do duro granito
a asa clara
é um traço forte
na tela do pintor da cidade.
Revolteiam procurando
a comida que escasseia.
Espantaram os vendedores de rua,
apregoando ao lado delas
ganhavam no fim, os restos,
limpos os cestos no fim da jornada.
Voavam ao lado de lenços
coloridos, aventais bordados,
ginga de rins, pernas torneadas.
Com o expulsar de gentes
do casco velho e agora  renovado,
as gaivotas tristes meio atormentadas
vasculham os contentores mal fechados.
Traçam circulos quadrados
voam baixo
não conhecem já a cidade
no seu perfil globalizado.

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