quarta-feira, 12 de julho de 2017

TRANSFORMAÇÃO

Capela
TRANSFORMAÇÃO  

O Porto tirou o chinelo,
o carrapito da cabeça,
o avental, a algibeira.
Ergueu-se frente ao espelho,
viu uma cara desmaiada,
a sua pele branquela,
pensou: não sou eu.
Tanta gente nas ruas,
os chefes colocando
no meio dos pratos
uma amostra gourmet,
e preciso provar
para adivinhar
o que ali foi posto.
A cidade é um sonho
crido pela economia,
um monstro de mil garras
nascidas do nada
põem em pantanas
a essência das gentes.
Não se fala de varanda a varanda
com a vizinha do lado.
Os hostéis e botecos
expulsam os moradores do bairro.
Ai terra velha alimentando sem seios
quem lhes chega de repelão

ao aconchego do seu colo.

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